Por André Mansur – em homenagem ao Dia dos Professores
Era um evento pedagógico em um colégio onde meu filho estudava. A atmosfera era agradável, porém um pouco formal. Aquelas ocasiões em que se fala de convivência, empatia e futuro sempre me tocam profundamente — talvez porque acredito que a educação é o alicerce de toda civilização.
O coordenador geral do colégio, um educador muito respeitado, conduzia o encontro. Quando abriram espaço para perguntas e comentários dos pais, pedi a palavra. Dirigi-me a ele naturalmente, com o respeito que o momento exigia:
— “Professor Fulano de Tal, uma pergunta.”
Antes que eu prosseguisse, uma assistente da direção do colégio interrompeu-me bruscamente:
— “Na verdade, senhor André Mansur, o senhor Fulano é o coordenador-geral de ensino do Colégio X, uma das maiores autoridades em educação no Brasil.”
Agradeci gentilmente a observação com meu clássico sorriso de ironia e respondi:
— “Sim, eu sei. Mas quando o chamei de professor, dei a ele o maior título que conheço. Porque, para mim, professor é o cargo mais alto que alguém pode ocupar.”
E o silêncio que se seguiu foi daqueles que falam mais do que qualquer aplauso.
Nossa sociedade, às vezes, esquece-se da grandeza de quem ensina. Vivemos tempos em que se admira quem ostenta, mas não quem educa. Em que se aplaude quem vence, mas não quem forma vencedores. E, no entanto, é o professor quem transforma o impossível em ponto de partida.
O professor é o primeiro a acreditar quando ninguém mais acredita.
É ele quem acende a faísca da curiosidade, da coragem e da consciência.
É quem desperta o talento adormecido, o senso crítico e a vontade de ir além.
É o professor quem nos mostra que o conhecimento é a única herança que não se gasta — pelo contrário, multiplica-se quanto mais se reparte.
Nenhum diploma existe sem ele.
Nenhum futuro floresce sem sua paciência.
Nenhuma sociedade progride sem sua coragem silenciosa.
O professor é aquele que escolhe viver para que outros aprendam a viver melhor.
Que ensina mesmo sem ter todos os recursos.
Que acredita mesmo quando o sistema desacredita.
Que planta sabedoria em terreno árido e, ainda assim, colhe humanidade. Ainda que nem sempre…
Por isso, neste Dia dos Professores, não falo apenas de gratidão.
Falo de reverência, como reverencio minha mãe, minha primeira e mais importante professora.
Minhas irmãs, minha madrinha, que me ensinaram os mais importantes valores que se pode receber de uma família.
Porque o professor não é apenas quem ensina —
é quem planta o amanhã.
E quem planta o amanhã, merece ser chamado pelo título mais alto que existe:
Professor!






