Nos últimos meses, voltou ao centro do debate brasileiro a proposta de criação de um Exame Nacional de Proficiência em Medicina, um teste obrigatório para que o recém-formado obtenha o registro profissional e possa exercer a medicina — algo semelhante ao que ocorre com a OAB para advogados.
O tema reacende discussões antigas, mas agora em um cenário muito diferente: explosão no número de faculdades de medicina, desigualdades regionais na formação, aumento da judicialização da saúde e desafios estruturais do sistema público e privado. Diante desse contexto, a pergunta retorna com mais força: como garantir que todo profissional esteja realmente preparado quando recebe o CRM?
A proposta prevê uma avaliação ampla, envolvendo conhecimentos teóricos, habilidades clínicas e conduta ética. Seus defensores argumentam que o exame poderia criar um padrão nacional mínimo de qualidade, reforçando a segurança dos pacientes. Já quem enxerga riscos lembra que um teste isolado não resolve problemas profundos da formação médica, e teme a criação de mais uma barreira para estudantes que enfrentam realidades acadêmicas distintas.
No fundo, o debate vai além de uma prova. Ele toca em questões maiores:
- O país está formando médicos suficientes — e bem preparados?
- O exame elevaria a qualidade ou apenas aumentaria a pressão sobre quem já enfrenta um longo e caro percurso formativo?
- A responsabilidade deve recair sobre o estudante ou sobre as instituições de ensino?
- Como equilibrar liberdade profissional, proteção à sociedade e justiça educacional?
Do ponto de vista regulatório, a discussão é complexa: envolve saúde pública, educação, mercado de trabalho e até autonomia profissional. Não há respostas simples — e talvez por isso o assunto desperte opiniões tão apaixonadas.
Mas, independentemente da posição de cada um, o tema revela algo importante: a sociedade quer segurança, os estudantes querem justiça e o sistema quer eficiência. Como conciliar esses interesses é a grande questão.
O exame para médicos ainda está em tramitação. Pode virar lei. Pode ser rejeitado. Pode ser modificado.
O que não pode é deixar de ser debatido.
E você?
Acredita que um exame nacional elevaria a qualidade do atendimento médico?
Ou seria apenas mais um obstáculo em um país que já exige muito dos seus estudantes?
O espaço está aberto. Vamos conversar.









